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É o fim da Velha Política…..ah… 1º de Abril!!

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1 de abril de 2018

Mais um 1º de Abril a seis meses de mais uma eleição geral no Brasil. 

A velha política e o 1º de abril tem algo em comum ainda que a data seja apenas uma brincadeira que começou bem depois da velha política, no começo do século XVI, como reação dos súditos à mudança forçada de calendário pelo rei Carlos IX da França.  A mentira (motivo de piada nos 1ºs de abril de todo ano) opera como um círculo vicioso que nos mantém presos ao que tem de mais velho e pernicioso na política.  São 1001 técnicas, elaborações e jeitos de pratica-la no campo da política institucional e partidária.

Promessas sabidamente impossíveis feitas por pre-candidatos, candidatos e políticos. “Feitos” ou entregas legislativas “de mentirinha” como aprovações de Projetos de Leis sabidamente inconstitucionais que (sabidamente) são vetados, e posteriormente os vetos são derrubados e as leis caem no judiciário. Anúncios de programas e políticas que mal saem do papel, ou se saem são pontuais e não universais. Acordos e alinhamentos políticos entre parlamentares e/ou partidos que (logo ali na esquina) são facilmente quebrados sem qualquer constrangimento, quando não, mediante acordo tácito. “Contratações” de serviços (pré)eleitorais como custeio de atividades festivas por toda cidade e que depois como sempre não se transformam em mais cidadania e compromisso com a comunidade e melhorias para a cidade. Enfim, tantas e tantas técnicas e métodos de se praticar “inverdades” para “se viabilizar” nos problemas da cidade e da cidadania e que perpetuam a relação de escravidão nossa para com a Velha Política.

Até ai nenhuma novidade. Só mais um 1º de Abril, sem graça nenhuma, às vésperas de mais e mais mentiras na política para iludir o cada vez menos esperançoso povo. E como ou o que eu posso fazer para dar a minha contribuição para nos desvencilhar dessa escravidão? Buscar praticar a verdade dá um certo trabalho. Às vezes o povo até desconfia. Por exemplo, um primeiro passo simples e fundamental é pesquisar (pra valer) a respeito da vida pregressa dos pré-candidatos que se apresentam e batem à sua porta (e redes sociais). As redes sociais (facebook, internet, twitter etc) oferecem um manancial de possibilidades para conhecer melhor se o passado dos que se apresentam para nós é coerente com seus discursos e suas propostas atuais. Quem só plantou abacaxis e espinhos em sua vida toda há de plantar flores? Essa pesquisa é absolutamente necessária, embora não seja suficiente.

Outro passo ainda mais trabalhoso e tão fundamental quanto a pesquisa sobre a vida pregressa é procurar conhecer mais a respeito do grupo político e das companhias que rondam seu possível candidato. Dia desses ouvi uma pessoa muito experiente em política dizendo que pretende apoiar determinado candidato que é ficha limpa e comprovadamente honesto. Entretanto, essa mesma pessoa sabe que o grupo político que apoia o seu ficha-limpa e que está por trás de sua possível candidatura (inclusive com possível apoio financeiro) é o mesmo grupo de alguns políticos antigos (ainda não enterrados pela história) e que já estiveram no poder em passado nem tão remoto. Ou seja, de que adianta ter à sua frente um político honesto e ficha limpa, se o grupo político, que será por ele ressuscitado, tem histórico de predação da cidade e dos recursos públicos, histórico campeão na prática da velha política ilusionista e pouco republicana.

Ilusão, ingenuidade ou irresponsabilidade achar que alguém limpo, trabalhador, com bons propósitos, apoiado fortemente por quem já está manchado pela tradição da velha política corrupta será diferente?  Além do histórico do seu pretenso candidato é fundamental portanto compreender com quem ele ou ela andam sobretudo mais recentemente. Ninguém governa sozinho. O que vivemos recentemente na política nacional nos ensina como laranjas podres estragam toda promissora safra. Como uma aliança com o que tem de mais ultrapassado na política pode comprometer um projeto diferente de futuro. Em nossa Câmara Legislativa do DF, por exemplo, de acordo com o “Correio Braziliense”, dos 24 parlamentares com mandato, 12 (50%) respondem a ações e investigações por corrupção.

Outra medida preventiva importante é a investigação do partido político do seu possível candidato. O partido tem uma plataforma? Tem uma carta de princípios e valores? Tem um manifesto ou carta programática? Os documentos e manifestações recentes dos presidentes e porta-vozes do partido são coerentes e dão lastro ao discurso e às propostas do seu candidato? Quantos parlamentares federais e locais do seu partido perderam mandato ou são objeto de investigação, na Lava Jato, por exemplo?  Aqui está outra chave de pesquisa para não se aborrecer lá na frente.

A velha política é resiliente e se adapta aos novos ventos na política. É preciso ficarmos muito alertas e investigarmos sob pena de pagarmos caro pela nossa imprevidência. O velho ditado popular é sábio: Diga-me com quem andas e direi quem és.

Certamente há muito mais por ser feito por cada um de nós para nos livrarmos do domínio da mentira na política, local e nacional, e construirmos uma política virtuosa pautada pela sinceridade. Sonho meu? Talvez. Mas para construirmos a boa política não tem outro caminho. Política é feita por partidos e por gente. Partidos e gente têm história, praticados e relações. Fiquemos ligados na história, nos praticados e nas relações daqueles em quem vamos aportar nossa “confiança”. Que daqui a seis meses possamos dar um passo firme e determinado no rumo da libertação do 1º de abril de cada dia, que tem sido a nossa velha e resiliente política. A solução está no critério e no esforço de cada um de nós.